Thursday, December 27, 2012

Team player

Eu tive um chefe que pedia pra gente – os servers, os cozinheiros, os preparadores e qualquer um que ali passasse – recolher lixo da rua. Isso, sabe lixo que o homeless deixou e o gari passará pra recolher? O próprio. Nada contra a profissão, mas é que esse chefe achava que o fato de pagar a hora englobava toda e qualquer função. Acho que se ele tivesse com uma unha encravada era capaz de pedir pra gente fazer o pé dele. Enfins, eu disse que não, que não iria recolher o lixo da rua. Que trabalhava para ele e não para a cidade. Ele ficou louco, falou mal de mim pro restaurante inteiro e disse que eu não era team player. Graças a Deus, por volta dessa mesma época, no ano passado, eu parei de jogar no super time dele.

Wednesday, December 19, 2012

Homemade

Quando vou mostrar o cardápio de sobremesas, sempre explico qual é a sobremesa do dia. Quase sempre ela é algo feito em casa. Já na sequência falo das outras duas que também são homemade e que, na minha opinião, são as mais gostosas que a gente tem. Ou seja, a frase vai mais ou menos assim: “O especial do dia é (coloque aqui o especial) feito em casa. Também o arroz doce e o alfajor são feitos aqui”. Aí o sujeito tem a coragem de olhar bem pra minha fuça e dizer: “e o bolo é feito em casa?”... “Não..”... “E a bomba é feita em casa?...”… “Não”... E, resumidamente, ele pergunta um por um dos outros ítens. Amigo, se fossem feitos em casa, eu já teria dito. Ele pediu o bolo.

Friday, December 14, 2012

Confissões de garçonete

Quem quer saber que tipo de garçonete eu sou é só assistir “Waiting”. Posso apostar que a personagem Naomi, interpretada por Alanna Ubach foi inspirada em mim. O filme é de 2005, com Ryan Reynolds, Anna Faris e Justin Long. Super engraçado pro público em geral e com um gostinho de ‘já passei por isso’ pra quem já trabalha ou já trabalhou em restaurante.

Saturday, December 8, 2012

A última mesa

Uma das grandes dúvidas da humanindade que eu tenho é: “Por que a última mesa é sempre a mais mala e tipa pouco??” É sempre a última mesa que quer fazer substituições mirabolantes, sendo que o menu diz claramente que a gente não as faz. É sempre a última mesa que reclama e devolve o prato. É sempre a última mesa que não gostou da bebida. É sempre a última mesa que quer uma sobremesa que acabou, e se indignam como se fosse o apocalipse. E, como se a culpa fosse sua, eles te deixam $2, depois de ficarem meia hora se enrolando com o cheque até pagar a conta.

Monday, December 3, 2012

We don't have it

Logo que comecei no food business (hahaha) desenvolvi uma técnica que uso até hoje: quando o cliente pede algo que não entendo, pergunto duas vezes. Na terceira: “nós não temos”. A técnica é muito boa. Menos quando a mesa ao lado pede a mesma coisa só que de uma forma que eu entenda. O sotaque do negro americano é, muitas vezes, um tanto quanto difícil de entender. No primeiro mês atendendo mesas, um negro desses bem simpáticos, pede um “Arrrrooll Alrrrer”. Eu: “Desculpe, pode repetir?" Ele: "Arrrrooll Alrrrer”. Sem graça, eu: “ Perdão...”, no que ele repete, ainda com paciêcia: “Arrrrooll Alrrrer”. Eu, com cara de tonta: “Ah.... nós não temos”. Conformado, ele pede uma coca. Minutos depois, o casal da mesa ao lado pede um ice-tea e uma limonada. O negro, bem simpático: “Com licença, vocês tem ice-tea?” Eu, toda simpaticona também: sim, temos”. Ele emenda: “Vocês tem limonada?” Eu, toda feliz por estar entendendo: sim, também temos”. Aí ele dá a cartada final: “Então como vocês não tem “Arrrrooll Alrrrer?” Eu faço cara de Monalisa e peço “um minutinho faifavô”. Vou até o bar e pergunto se temos “Arrrrooll Alrrrer”. O bartender e outro garçon – que por ali passava – me olham com cara de “quê?!” e eu explico: “não entendi direito, sei que leva chá gelado e limonada. Eles caem na gargalhada: “ARNOLD PALMER!!” Pra quem não sabe, Arnold Palmer é uma bebida tão comum quanto coca-cola aqui. Batizada em homenagem a um jogador de baseball (se não me engano) que leva, nada mais, nada menos, do que metade ice-tea e metade limonada. Se eu fosse o negro... “We don´t have it my ass, young lady!”