Tuesday, August 28, 2012

Meu relacionamento com uma celebridade

Sim, queridos leitores, eu tive um relacionamento com uma celebridade. Ele não sabia meu nome, mas conhecia a minha doce voz ao telefone e um dia até soltou um “I missed you”. Mas nosso relacionamento não começou dos melhores. Isso porque sou uma menina difícil. Eu trabalhava no indiano não havia muito tempo. Eis que toca o telefone e a voz do outro lado interrompe o meu greeting: “Aqui é o Wilson e eu quero o meu usual”. Eu, bem fina, respondi: “Me desculpe, Sr. Wilson (nesse momento eu só conseguia pensar no vizinho do Pimentinha ou na bola do Náufrago), mas nós temos muitos clientes regulares e eu não tenho idéia do seu usual. Ele respirou fundo, impaciente, e me ditou o seu pedido. Com a minha super visão perimetral eu conseguia ver meu gerente rachando o bico. Quando desliguei ele me disse: “Sabe quem era? O Owen Wilson!”. Eu chorei de rir. Eu já o tinha visto por lá, e ele tinha sido mega antipático com uns meninos, então nem liguei. Sei que a cada telefonema eu era mais seca, até um dia que ele veio cheio dos “How are you?” pro meu lado. Daí, claro que comecei a ser simpática e ele virou meu amigão. Teve uma época que ele deu uma sumida. E quando ele ligou de novo eu disse: “Poxa, por onde você andou, Owen?”. Assim mesmo: Owen. Ele: “Eu tava na Índia gravando”. Eu: “Ah, então tava comendo comida indiana de verdade, nem sentiu falta da gente” (Eu falei que a gente ficou amigão!). Ele: “A de vocês é muito melhor, senti falta. Posso pedir o meu usual?” Eu: “Claro, já tá a caminho”. Uma época depois esse restaurante fechou pra reforma. Foi bem na época que ele tentou o suicídio. Nada me tira da cabeça que ele atentou contra a própria vida por medo de ficar eternamente sem o Chicken Tikka dele.

Monday, August 27, 2012

Prezado cliente

Ficar olhando fixamente para a minha cara, principalmente num dia busy, não vai fazer a sua comida ficar pronta mais rapidamente. Obrigada.

Thursday, August 23, 2012

Confissões de garçonete

Nós, do staff do restaurante, chamamos nossos regulars pelo nome do prato que eles sempre pedem. Tipo: “Lá vem o Akbari Lamb”, “Leva uma água pro Steak Sandwich” ou “O Eggplant Parm já pediu o cheque”.

Monday, August 20, 2012

Top 10

Eu queria mesmo era escrever uma lista: As Top 10 perguntas mais estúpidas que já me fizeram. Seriam tantas perguntas cretinas que eu teria que puxar muito pela memória – e quem me conhece sabe que esse não é meu forte. Teria que ser feita uma votação, é claro, mas uma das que entraria na lista com certeza veio de um americano: “What´s bell pepper?” !!! Se fosse um estrangeiro, tudo bem, mas um americano?! Seria a mesma coisa que um brasileiro perguntar o que é pimentão. Pimentão é pimentão, oras. Fiz uma cara que misturou incredulidade com e pena e respondi: “...well, It’s a vegetable...” Não bastando ele prosseguiu: “Tem gosto de que?”. Pô, amigo... de salsicha!

Friday, August 17, 2012

Nossa nada glamurosa vida

Isso não aconteceu comigo. Aconteceu com uma fellow garçonete, minha queridíssima amiga Tici Tassele, que achou "fofo". A explicação dela: "mas ela tinha uns 15 anos e ela perguntava tudo quanto saía com taxa! Ela pediu to go, mas eu falei "no go ahead and have a seat!" Isn't Tici adorable? Pois é... Mas eu, pessoalmente, acho que se você não tem dinheiro, não deve comer fora. Até dou uma aliviada na da garotinha por ela ser nova, embora também ache que é sempre bom aprender a tipar desde cedo.

Wednesday, August 15, 2012

Tip não é esmola

Eu sou uma garçonete meio diferente das demais. Nós da classe não fazemos dinheiro com as horas. Elas são irrisórias. Nós ganhamos nosso pão com a tip. Aqui na Califórnia o mínimo desejado é 15% do valor da conta, a galera torce por 18%, e eu sou uma garçonete de 20% pra cima. Confio no meu taco e sou otimista. Só que eu digo que sou uma garçonete diferente porque não “me vendo” pela tip. Não puxo o saco de ninguém, o que eu puder fazer eu faço, independente do cliente. Claro que se o cliente é gente boa eu vou além. E se ele for um arrogante, dificilmente eu poderei ajudar. Mais uma vez, pela maneira como o cliente me pediu e não pelo quanto eu espero ganhar. Eu também sou do tipo que, se puder escolher, prefiro uma mesa que não me dê gorjeta do que uma que me encha o saco. O dia a dia já é tão difícil e cansativo, que prefiro uns dólares a menos no bolso do que uma dor de cabeça. Agora, que dói, dói, aquele tipo que te agradece horrores, te abraça e manda lembranças à família e no fim te deixou U$3 de uma conta de U$50. Eu prefiro acreditar que a pessoa não sabe do esquema, porque senão me sinto trouxa. No indiano rolava direto, a conta dava U$30,37 e o cara arredondava o cartão pra U$31. Na boa, eu prefiro que você não me dê tip, faz de conta que não sabia, mas dar centavos é humilhação. Tip não é esmola.

Saturday, August 11, 2012

Ai, que vontade que dá..

Dai o cara chega seco pra tomar uma: “Me vê uma Blue Moon.” Eu: “Sinto muito, estamos em falta.” Ele: “Meeeeesmo?” (tom de fim do mundo). Eu, com uma forçada cara de pena: “Sim, me desculpe.” Ele, ainda não acreditando: “Tem certeza?” E vem a vontade de dizer: “Na verdade tá cheio de Blue Moon, mas não quero te vender, tô guardando prum cliente mais legal.”

Wednesday, August 8, 2012

A maldição da pizza

Trabalhei num lugar que tinha a maldição da pizza. Era um sports bar. A maioria dos pratos ficava pronto razoavelmente rápido, tirando a pizza, que levava cerca de meia-hora. O cliente pedia e a gente já avisava. Pra quem não sabe, americano é do tipo que senta, pede, come, paga e vai embora em questão de 20 minutos. Acha que todo lugar é MacDonald’s. Esse restaurante fechou e nas últimas semanas o dono já tinha virado um bêbado solitário. Ele cortava as garçonetes na condição de elas ficarem ali bebendo com ele. E não fechava o restaurante nunca mais. A gente com os pés doendo, louca pra ir embora e ele lá, tomando shot de Patrón, contando vantagem sei lá do que. Sei que TODA A ULTIMA MESA QUE ENTRAVA virava pra gente e pedia pizza. Pqp! Era ficar lá pelo menos mais 1 hora pra ganhar $3, $5 de tip... Não valia a pena MESMO!! Foi daí que desenvolvi uma técnica. Ficava sentada com o patrão, só de olho na porta. Quando alguém se aproximava eu corria lá na frente, mais rápida do que a ema selvagem, e falava que já estávamos fechados, sempre olhando e apontando pra um dos lados. A pessoa, claro, achava que eu era louca, but I coudn’t care less. Eu nunca mais ia vê-la na vida mesmo. Quando eu voltava pra dentro e o dono perguntava o que eles queriam, eu sempre dizia que eles estavam procurando o Coffee Bean ou o cinema. E só pra deixar claro, 9 entre 10 perguntas do cliente era: “vocês tem pizza?” Ah, também rolava muito o “tem, mas acabou”, pro lance da “apontação” não ficar muito batido.

Monday, August 6, 2012

Boa noite

Boa noite pra vc que fez $8,00 no dinner shift.

Só depois dos 21

E o cara que não queria que o filho adolescente pedisse “Penne a la vodka” porque ele não tinha idade legal para consumir álcool.

Thursday, August 2, 2012

Tem mais nada não

O cliente chega, senta, lê o menu com calma e coisa e tal. Aí chega pra você e pergunta o que você mais gosta. Você pronta e rapidamente responde, citando alguns pratos. Aí ele pergunta o que mais. Você dá mais 2 ou 3 opções. E ele, ainda não contente, pergunta o que mais. Bom, meu senhor, agora que eu já lhe disse todo o menu, na real, não tem mais nada do que eu goste não.