Monday, October 29, 2012

When you have a chance

Como nem só de reclamação vive essa garçonete que vos fala (tá vendo?!), hoje vou falar sobre uma expressão que eu adoro: “When you have a chance”. Eu simplesmente adoro quando alguém me pede algo seguido de um “when you have a chance”. Você sabe que a pessoa provavelmente quer o que quer que seja que ela quer naquela hora, mas acho tão considered de ela “perceber” que você está ocupada, e não ficar fazendo pressão. Acho um jeito bem fofo de pedir as coisas. Juro, quando alguém me pede assim, eu paro tudo e faço. É como me ensinou um antigo gerente: “o dar está no pedir”.

Wednesday, October 24, 2012

Eu posso com isso?

Dai eu tô treinando a mocinha, ainda não tinha nenhuma mesa, eu só passando as coisas mesmo, falando. Termino e pergunto se ela tem alguma dúvida. Ela responde que acha que vai ser muito pra ela, muita informação e - PALAVRAS DELA - "I'm a little stupid". E eu faço o que agora?

Tuesday, October 23, 2012

O dia em que eu fui demitida

Ao longo dos meus 9 anos de EUA, só trabalhei em 7 restaurantes. Digo “só” porque conheço gente que tá aqui há dois anos e já passou por uns 10 trabalhos. Eu geralmente duro nos empregos, porque escolho onde me sinto ã vontade e porque sou uma boa funcionária. Desses 7 restaurantes, eu saí de 3 porque fecharam, de 2 porque tive uma oportunidade aparentemente melhor e de apenas 1 fui demitida. E é essa história que vou contar hoje. Eu trabalhava no chinês fazia mais de 2 anos. Não gostava muito de trabalhar lá. Clientes esnobes e a gente era exageradamente exigido pro pouco de gorjeta que fazíamos. Mas trabalho é trabalho, e confesso que estava um pouco acomodada naquela época. Gerente nenhum parava lá. Imagino que, se para nós, humildes servers, era um tormento, para eles deveria ser um inferno. Eis que entra esse Japonês, no maior estilo Yakuza. Ninguém gostava dele, mas comigo, pessoalmente, ele nunca tinha feito nada. Certa noite, o restaurante razoavelmente ocupado, minha co-worker oferece ajuda. Eu tinha tudo sob controle, mas sei que é ruim ficar parada, e como ela se ofereceu, pedi que levasse as bebidas da mesa 1 enquanto eu levava a conta de outra mesa. Dali um pouco ela volta toda séria, dizendo q o Japa gritou com ela porque ela estava me ajudando. Nisso vejo o próprio carregando as tais bebidas. Digo pra ele que eu mesma posso levar, no que ele responde com um GRITO: “Se você não dá conta do seu serviço, chame o gerente pra te ajudar”. Com toda a calma que me é peculiar (num primeiro momento) eu expliquei, já que ele era novo na bagaça, que ali a gente fazia team work. Que eu na verdade estava bem, mas que a menina tinha oferecido ajuda. Ele nem vira pra mim e solta um sonoro “SSSHHHHHH!!!!”. Eu, estupefata: “Excuse me?!” Ele: “ Shut up!” Eu olhei bem pra cima (ele era alto) e com meu dedinho apontadinho (eu sou abusadinha) disse: “Você pode falar assim com os seus amigos, com a sua família, mas não vai falar assim comigo!” Virei as costas e saí. Geralemente eu era cortada as 8h30m e como já era mais de 9h, fiz meu cash out e me fui. No outro dia liguei para pegar meu schedule e qual não foi a minha surpresa quando soube que meu nome não estava nele. Pensei: “Fui castigada”, e até aí tudo bem. Mas não, fui mandada embora por abandono de serviço. O mané afirmou que não tinha me cortado oficialmente e que eu saí andando. A gerente geral me pediu desculpas e disse que não havia muito o que podia fazer, porque eles eram uma corporação e blá-blá-blá. Eu agradeci e disse que não queria o emprego de volta. Que eu não queria mesmo trabalhar num lugar que não respeitava seus funcionários. Nunca assinei minha demissão. E fui muito mais feliz depois que saí de lá.

Thursday, October 18, 2012

Só eu

Só eu trabalhei num lugar que fechava às 10h mas se o cliente chegasse lá as 11h e o dono estivesse lá ele mandava atender. Não importa se a noite foi mega slow e você ficaria lá pelo menos 1 hora a mais pra ganhar $3,oo. Era pra isso que a gente tava lá.

Monday, October 15, 2012

Homemade

Daí eu levo o menu de sobremesas e falo: "O especial do dia eh um homemade flan. O alfajor e o arroz con leche também são homemade". Dou uns 2, 3 minutos pro casal decidir e quando chego na mesa ouço a pergunta: "O bolo de chocolate é homemade?". Engulo seco, dou um sorriso e respondo: "Não, meu senhor. Somente o flan, o alfajor e o arroz con leche mesmo". Cá comigo eu penso: "se fosse eu teria mencionado, não é mesmo?!"

Tuesday, October 9, 2012

É uma questão de opção

Nosso happy hour vai das 5h30m às 7h30m. Chegou até esse horário, pode pedir do happy hour menu. Para os clientes que já estão lá, uns 10, 5 minutinhos antes de dar o horário, a gente faz a ronda do last call. Depois disso é tudo preço normal. Não é uma ciência assim tão grande. Pois é, esse casal chegou às 5h30m. Ele pediu Cristal e ela Mojito. Praticamente pediram um de cada prato do happy hour e estavam felizões. Fiz o last call e ele aceitou mais uma cerveja. Retirei o menu da mesa. Continuei checando, vendo se estavam bem – assim como fazemos com todas as mesas. Um pouco mais tarde, copos vazios, como boa garçonete que sou, ofereço mais um drink. Dessa vez cada um pede um. Ela, peruana, estava no céu: "Tudo delicioso!" Ele vibrava com a alegria dela. Pediram a conta. Caras feias. Vou recolher o cheque e ele pergunta porque tem 1 Cristal e 1 Mojito mais caro do que os outros. Eu explico que é porque eles pediram fora do happy hour. Ele se indgina: “Mas eu estou aqui desde às 5h!!” “Meu senhor, o senhor não está aqui desde às 5h porque nós abrimos o restaurante às 5h30m (risada interna), e de todo modo, o happy hour termina as 7h30m, o senhor se recorda que eu fiz o last call?!” Ele: “Mesmo assim, essa cerveja é muito cara, em qualquer outro lugar é $4,00!” Eu: “O preço estava no cardápio, se o senhor não queria pagar esse valor, tinha a opção de não pedir cerveja”. Ele: “E a cancha (são tipo uns milhozinhos fritos) em qualquer restaurante peruano é de graça e vocês cobram!”. Eu: “Senhor, cada restaurante é diferente, o senhor tem a opção de ir nesses onde a cancha é grátis e a cerveja é barata”. Ele: “Eu não vou pagar”. Olhei, sorri com compaixão e disse: “Eu realmente espero que o senhor mude de idéia, porque eu tenho a opção de chamar a polícia”. Saí glamurosamente. A mulher não tinha onde se enfiar, estava super envergonhada. Ele pagou, claro. E não deixou tip, é claro. O que eu queria entender é onde foram parar tantos elogios, tanta felicidade. Claro que ele tem a opção de nunca mais voltar lá. E eu realmente espero que ele escolha essa opção.

Friday, October 5, 2012

Então pra que perguntar?

Cliente: “O que é a chicha morada?” Eu explico que é um suco de milho roxo, feito em casa, fervido com algumas frutas e temperos e que o sabor mais forte é de canela. Cliente: “É doce?” Eu explico que sim, mas que é adoçado com agave. Cliente: “Mas é doce? Porque eu não gosto de bebidas doces”. Eu repito que sim, que é doce. Cliente: “Mas é muito doce. Doce assim como?” Eu explico que o agave é doce, que as frutas fervidas também são doces e que o cravo e a canela acentuam ainda mais esse sabor. Que além disso, fica um pouco difícil de explicar. Cliente: “Quero provar”. O meu pensamento é: se você vai provar de todo o jeito, porque entao me fazer taaaanta pergunta? Em tempo: ele adorou a chicha.